Caberá a mim, pobre de mim
Leitor mudo, sonhador
Decadente estrela em busca
da libertação dos instintos
Indivíduo perdido na massa
Fugitivo de tantos mundos
Caberá a mim, dizer de ti
Que passeava no jardim nas
manhas daquele tempo,
onde o céu era verde sobre o gramado
com o coração pequeno, muito pequeno
a suspirar por Itabira
ao enxergar, em meio as palavras melancólicas
um fogo celeste, um mistério de vida
Vida que morre sem ter tido tempo
Vida, lenta e morna, morta, noite sem ruído
Caberá a mim
Caberá a ti
Caberá assassinar a poesia nos livros
dessa vida de poeta honrado sem importância
Em verdade sou muito pobre, nobre amigo
Há vezes, suicido. Mas é apenas a morte, sob o vento
E o leio.
Minh'alma tal qual a tua se interroga
Devemos calar?
Já me calei.
(Júh Brito)